Em 2010, quando participei do Fórum Urbano Mundial no Rio de Janeiro, tomei conhecimento do evento Ecocity World Summit 2011, em Montreal. Me interessei em participar e aqui estou hoje.
O evento está na sua 9ª edição, ocorrendo geralmente a cada 2 anos. Em 2000, a Ecocity foi realizada em Curitiba no Brasil. A proposta principal é discutir o que as cidades estão fazendo rumo ao desenvolvimento sustentável.
Essa edição conta com mais de 1.000 inscritos de 70 diferentes países. O evento é organizado , com apoio da Cidade de Montreal e diversas organizações e empresas (todas elas com stands para “vender” seus projetos sustentáveis).
O local do evento – Palais des Congrèss – é um espetáculo à parte, um ponto turístico pela beleza do prédio e um centro de convenções e galeria muito funcional. No primeiro piso, há um espaço para exposições e diversas lojas e lanchonetes, que estão sempre com grande fluxo de pessoas e ligação direta com o metrô. Nos demais pisos, as salas de convenções, muito espaçosas e confortáveis. E ainda tem um telhado verde, com jardim.
Os primeiro dois dias de evento, eu achei esvaziados e sem tantas novidades, apenas experiências e trabalhos mais acadêmicos do que práticos. Participei, na terça, das sessões “Alternative Governance, Land Use and Sustainable Development” e “My City: Citizen Planners in the Municipal Process”; e na quarta, da sessão “Ecocities with or Without Citizens: which negociating processes between communities and developers”.
Depois, melhorou bastante. No painel “Municipal Government Climate Change Engagement” (quarta, manhã) foram apresentadas iniciativas muito interessantes por cidades desenvolvidas, de grande porte, mas com grandes diferenças culturais:
– Shanghai: apresentou para tornar a cidade um exemplo em sociedade de baixo carbono, com ações em diversas áreas: energia (eficiência e parques eólicos); transporte (rede de 452 km de metrô e trem e sistema de empréstimo com 30 mil bicicletas; reflorestamento de áreas (adesão à campanha UNEP – 1 bilion tress); e participação pública (comunicação sobre pegada ecológica e projetos).
– Berlin: o projeto Green Berlin está embasado em um plano de redução das emissões de gases do efeito estufa para 15% em 2050 das emissões estimada em 1990 (que significa uma redução de quase 7 vezes o que se emitia). Já chegaram a 65% das emissões (quase cumprindo a meta para 2020). Além das propostas para energia e transporte, destaco a reforma (retrofitting) de 13.000 apartamentos para aumentar eficiência e conforto e a criação de mais parques e áreas verdes.
– Vancouver: tem o objetivo de se tornar a cidade mais sustentável do mundo, com meta de 1,5ton de GEE’s por pessoa, por ano. Há uma preocupação grande com as mudanças climáticas (o representante disse que recentemente foi registrado na região o primeiro tornado da história e um alerta constante sobre a elevação dos mares). A cidade elaborou uma carta (Ecodensity Charter, 2008) e o plano Greenest City 2020, com 10 metas (targets). E passaram a incluir os gastos de energia como determinante no planejamento da cidade, junto com uso do solo e transporte, isto é, viabilizar menor consumo de energia e maior eficiência, para desenvolver a cidade.
Dentre outras coisas, mencionadas e vistas nas imagens exibidas, a necessidade de diagnóstico, de estabelecer os contextos para as mudanças necessárias; a importância das novas tecnologias na gestão urbana; os modelos construtivos de residências e centros comerciais de 4 a 5 andares (middle hieght); e o zoneamento para assegurar mais espaços públicas e áreas verdes.